É já no próximo mês de Março que Ana Carolina, a realizadora de "Das Tripas Coração" (1982), "Amélia" (2001) e "Gregório de Matos" (2003), dá a conhecer a sua mais recente longa-metragem, A PRIMEIRA MISSA OU TRISTES TROPEÇOS, ENGANOS E URUCUM - uma história que propõe "simultaneamente "ver e reflectir" sobre os rumos da história do Brasil e da formação da sua identidade audiovisual". Excelente motivo pois para uma pequena conversa com quatro dos seus protagonistas: Marcantonio Del Carlo, Rui Unas, Beto Coville e Pedro Barreiro.
CLOSE UP! - Como é que surgiu a possibilidade de participarem neste filme?
Marcantonio Del Carlo - Fui escolhido pela Ana Carolina, não sei bem em que termos. Julgo que através de uma proposta da minha agência.
Rui Unas - Eu tinha trabalhado com a directora de arte do filme num outro projecto cinematográfico no Brasil e foi ela que sugeriu à produção o meu nome. A Ana Carolina viu o meu trabalho e aprovou-me no casting.
Beto Coville - A minha agente no Brasil foi contactada porque estavam à procura de actores brasileiros que morassem em Portugal, como era o meu caso. Depois fiz o casting pelo Skype e a directora Ana Carolina escolheu-me para fazer o Frei Henrique de Coimbra.
Pedro Barreiro - Sorte. O também escalabitano Ricardo Silva, outro dos actores portugueses que participaram no filme, reuniu-se com a Ana Carolina que lhe disse que procurava mais um actor português. O Ricardo deu-lhe o meu número e a Ana Carolina foi com a minha cara para ser um dos seus marujos deslavados.
Rui Unas - Eu tinha trabalhado com a directora de arte do filme num outro projecto cinematográfico no Brasil e foi ela que sugeriu à produção o meu nome. A Ana Carolina viu o meu trabalho e aprovou-me no casting.
Beto Coville - A minha agente no Brasil foi contactada porque estavam à procura de actores brasileiros que morassem em Portugal, como era o meu caso. Depois fiz o casting pelo Skype e a directora Ana Carolina escolheu-me para fazer o Frei Henrique de Coimbra.
Pedro Barreiro - Sorte. O também escalabitano Ricardo Silva, outro dos actores portugueses que participaram no filme, reuniu-se com a Ana Carolina que lhe disse que procurava mais um actor português. O Ricardo deu-lhe o meu número e a Ana Carolina foi com a minha cara para ser um dos seus marujos deslavados.
CLOSE UP! - Quais os desafios que as vossas personagens vos impuseram?
Marcantonio Del Carlo - Vários. Trabalhar com a Ana Carolina é um desafio constante uma vez que ela promove desafios aos actores que vão muito para além da interpretação de uma personagem. Ela incentiva o elenco a ser co-autor do enredo, aceitando que os actores inventem e sejam criativos para além do que está escrito no guião. Muitas das cenas que eu filmei foram inventadas por mim e aceites de imediato pela Ana, pois estávamos em total sintonia. Isso é raro acontecer.
Rui Unas - O principal desafio foi perceber qual era o "tom" do filme. Porque na primeira cena eu sou o "Pedro Vaz de Caminha" e depois sou o actor português que faz de "Pedro Vaz de Caminha" . E esta mudança é constante na história que a Ana Carolina quis contar. Onde começa o filme e começa a história da rodagem do filme é algo que pode suscitar alguma confusão, porque as duas narrativas são paralelas.
Beto Coville - Na verdade, quando soube que iria fazer o Frei Henrique, comecei a construção da personagem baseando-me na figura histórica. Fui pesquisar a vida dele, os seus feitos, características da personalidade dele, descritas em livros e documentos históricos. Porém, depois de ler o guião e perceber o que faria um actor que estivesse no meu lugar, a concepção mudou. Porque o filme era 5 minutos sobre a primeira missa no Brasil, aí eu era o Frei, e os outros 80 minutos eram sobre os bastidores da filmagem, aí era o actor que fazia de Frei. Portanto, o desafio maior foi encontrar os dois tons para cada fase do filme, sem ficar pouco profundo em nenhum dos momentos.
Pedro Barreiro - Não costumo dar grande importância à ideia de personagem, para além daquela que nós próprios vamos representando por aí. Mas neste caso foi imediata a relação que estabeleci com a ideia que a Ana tinha para o filme, que fui entendendo e na qual me tentei inserir. O facto de ser um português a viver no Brasil, e de me ver várias vezes, até involuntariamente, no meio de quezílias culturais entre Portugal e o Brasil, fez com que me identificasse sobremaneira com aquela figura de vários tempos ao mesmo tempo, que chega a um lugar com uma função poética, sem fazer a mínima ideia do que seja a poesia.
Marcantonio Del Carlo - Vários. Trabalhar com a Ana Carolina é um desafio constante uma vez que ela promove desafios aos actores que vão muito para além da interpretação de uma personagem. Ela incentiva o elenco a ser co-autor do enredo, aceitando que os actores inventem e sejam criativos para além do que está escrito no guião. Muitas das cenas que eu filmei foram inventadas por mim e aceites de imediato pela Ana, pois estávamos em total sintonia. Isso é raro acontecer.
Rui Unas - O principal desafio foi perceber qual era o "tom" do filme. Porque na primeira cena eu sou o "Pedro Vaz de Caminha" e depois sou o actor português que faz de "Pedro Vaz de Caminha" . E esta mudança é constante na história que a Ana Carolina quis contar. Onde começa o filme e começa a história da rodagem do filme é algo que pode suscitar alguma confusão, porque as duas narrativas são paralelas.
Beto Coville - Na verdade, quando soube que iria fazer o Frei Henrique, comecei a construção da personagem baseando-me na figura histórica. Fui pesquisar a vida dele, os seus feitos, características da personalidade dele, descritas em livros e documentos históricos. Porém, depois de ler o guião e perceber o que faria um actor que estivesse no meu lugar, a concepção mudou. Porque o filme era 5 minutos sobre a primeira missa no Brasil, aí eu era o Frei, e os outros 80 minutos eram sobre os bastidores da filmagem, aí era o actor que fazia de Frei. Portanto, o desafio maior foi encontrar os dois tons para cada fase do filme, sem ficar pouco profundo em nenhum dos momentos.
Pedro Barreiro - Não costumo dar grande importância à ideia de personagem, para além daquela que nós próprios vamos representando por aí. Mas neste caso foi imediata a relação que estabeleci com a ideia que a Ana tinha para o filme, que fui entendendo e na qual me tentei inserir. O facto de ser um português a viver no Brasil, e de me ver várias vezes, até involuntariamente, no meio de quezílias culturais entre Portugal e o Brasil, fez com que me identificasse sobremaneira com aquela figura de vários tempos ao mesmo tempo, que chega a um lugar com uma função poética, sem fazer a mínima ideia do que seja a poesia.
CLOSE UP! - Como se preparam para os vossos papéis?
Marcantonio Del Carlo - Foi tudo muito rápido. Eu estava em Espanha a filmar com o Imanol Uribe quando soube que na semana seguinte embarcava para São Paulo. Li a versão final do guião na viagem, cheguei a São Paulo à noite e na manhã seguinte estava a filmar. Graças a Deus não tinha nada pensado para o Álvares Cabral. Só assim foi possível criar com total carta branca ao lado da Ana.
Rui Unas - Fui obviamente reler a carta que Pêro Vaz de Caminha enviou ao rei onde relata o que viu quando chegou ao Brasil.
Beto Coville - Fui visitar mosteiros em Coimbra e em Setúbal, onde o Frei Henrique estudou e depois morou. Li muito sobre a história de Portugal e sobre a relação estreita que o Frei tinha com o rei e a rainha da altura. Depois, vi os filmes anteriores da cineasta para captar o humor dela, que é muito característico. Tentei perceber também a linguagem humoristica e a crítica social e política que estavam no guião.
Pedro Barreiro - Da mesma maneira que me preparo sempre que saio de casa seja para fazer o que for. Talvez mais, até pela gratidão que sentia em ir trabalhar todos os dias com todas aquelas pessoas que podia ver a trabalhar e com as quais pude aprender muito.
Rui Unas - Fui obviamente reler a carta que Pêro Vaz de Caminha enviou ao rei onde relata o que viu quando chegou ao Brasil.
Beto Coville - Fui visitar mosteiros em Coimbra e em Setúbal, onde o Frei Henrique estudou e depois morou. Li muito sobre a história de Portugal e sobre a relação estreita que o Frei tinha com o rei e a rainha da altura. Depois, vi os filmes anteriores da cineasta para captar o humor dela, que é muito característico. Tentei perceber também a linguagem humoristica e a crítica social e política que estavam no guião.
Pedro Barreiro - Da mesma maneira que me preparo sempre que saio de casa seja para fazer o que for. Talvez mais, até pela gratidão que sentia em ir trabalhar todos os dias com todas aquelas pessoas que podia ver a trabalhar e com as quais pude aprender muito.
CLOSE UP! - Podem revelar-nos alguma história engraçada passada nos bastidores do filme?
Marcantonio Del Carlo - A rodagem deste filme dava um outro filme... foi muito muito divertido!
Rui Unas - Os portugueses do filme (eu, o Marcantonio Del Carlo e mais dois actores que fizeram de marinheiros) tivemos uma grande empatia e cumplicidade. Ao ponto de, aproveitando a nossa pausa num dos intervalos, termos feito uma versão do videoclip da musica "Paixão" dos Heróis do Mar (a qual podes ver clicando AQUI).
Beto Coville - Muitas, mas destaco uma cena em que eu estava atrás de uma pedra e resolvi subi-la, apoiando-me numa árvore. Porém era cenário, mas tudo era tão natural que parecia uma árvore com tronco robusto, de verdade. Claro que a árvore caiu em cima do resto do cenário e quase em cima dos outros actores. Demorou umas duas horas para que tudo fosse recolocado no lugar. As piadas que o Oscar Magrini contava nos longos momentos de espera também eram de rir muito...
Pedro Barreiro - Poderia. Mas por questões de decoro não o farei. Talvez o Rui Unas a dar aulas de dicção (vídeo que podes ver clicando AQUI) seja uma imagem que vos pode elucidar do que falo, mas fico-me por aí.
Rui Unas - Os portugueses do filme (eu, o Marcantonio Del Carlo e mais dois actores que fizeram de marinheiros) tivemos uma grande empatia e cumplicidade. Ao ponto de, aproveitando a nossa pausa num dos intervalos, termos feito uma versão do videoclip da musica "Paixão" dos Heróis do Mar (a qual podes ver clicando AQUI).
Beto Coville - Muitas, mas destaco uma cena em que eu estava atrás de uma pedra e resolvi subi-la, apoiando-me numa árvore. Porém era cenário, mas tudo era tão natural que parecia uma árvore com tronco robusto, de verdade. Claro que a árvore caiu em cima do resto do cenário e quase em cima dos outros actores. Demorou umas duas horas para que tudo fosse recolocado no lugar. As piadas que o Oscar Magrini contava nos longos momentos de espera também eram de rir muito...
Pedro Barreiro - Poderia. Mas por questões de decoro não o farei. Talvez o Rui Unas a dar aulas de dicção (vídeo que podes ver clicando AQUI) seja uma imagem que vos pode elucidar do que falo, mas fico-me por aí.
CLOSE UP! - Agora que 2013 chegou ao fim, podem revelar-nos quais os filmes que mais gostaram de ver no ano transacto?
Marcantonio Del Carlo - O ano passado fui pouco ao cinema. Recentemente vi "O Mordomo" que me reconciliou com aquele cinema americano épico que para mim nunca mais foi o mesmo depois de Wells, Ford e outros que tais.
Beto Coville - "Don Jon", "O Mordomo", "Parkland", "Dá Tempo ao Tempo", "A Noiva Prometida", "Dentro de Casa" e "Guia para um Final Feliz".
Pedro Barreiro - Prezo demasiado o anacronismo para ver filmes no ano em que são lançados.
Marcantonio Del Carlo - O ano passado fui pouco ao cinema. Recentemente vi "O Mordomo" que me reconciliou com aquele cinema americano épico que para mim nunca mais foi o mesmo depois de Wells, Ford e outros que tais.
Beto Coville - "Don Jon", "O Mordomo", "Parkland", "Dá Tempo ao Tempo", "A Noiva Prometida", "Dentro de Casa" e "Guia para um Final Feliz".
Pedro Barreiro - Prezo demasiado o anacronismo para ver filmes no ano em que são lançados.