quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

REVIEW: "Para Sempre, Talvez"


FICHA TÉCNICA:
Autora: Cecelia Ahern
Número de páginas: 364
P.V.P. - 16,11€

SINOPSE OFICIAL:
Alex e Rosie atravessaram a infância e a adolescência juntos, sempre presentes na vida um do outro como melhores amigos. Mas, quando chega o momento de começarem a descobrir as alegrias das noites na cidade e das primeiras aventuras amorosas, o destino prega-lhes uma partida: a família de Alex muda-se da Irlanda para Boston, e Alex vai com ela, para sempre. Rosie não consegue imaginar a vida sem o companheiro de todas as horas e decide ir também para os Estados Unidos. Só que, uma vez mais, o destino intervém nas suas vidas, obrigando Rosie a permanecer na Irlanda. Mas poderão o tempo, a distância e o próprio destino ser mais fortes que um grande amor?


O VEREDICTO:
Mea culpa.
Nunca tinha pegado neste livro por pensar que era a obra que tinha dado origem ao filme com o mesmo nome protagonizado em 2008 por Ryan Reynolds - "Definitely, Maybe", na versão original. Apesar de ser engraçado e contar com um bom elenco não passa disso e como tal, este título suscitava-me zero interesse.
O que eu ia perder!
Quando estreou em Novembro o filme realmente inspirado neste "Para Sempre, Talvez" é que me dei ao trabalho de ler a sinopse e perceber que era uma coisa completamente diferente. E que vale MESMO a pena ser lida!
É um livro muito, muito bom que não me deixou descansar até o terminar. Posso dizer que o comecei a ler à noite e só consegui ir dormir de madrugada depois de saber o que acontecia ao Alex e à Rosie.
Aliás, se o final não me agradasse já estava com ideias de o deitar à fogueira que os meus avós costumam fazer no quintal. Caramba, o pathos move o leitor mas não convém exagerar, coitada da Rosie! E do Alex. E da professora "Pencuda com Mau Hálito" Casey que tinha que os aturar - se há personagem paciente, é esta.
No entanto, não só não o deitei à fogueira como se tornou num dos títulos que mais gostei de ler em 2014. É original (a história é-nos apresentada em forma de bilhetinhos, e-mails, cartas e mensagens), ternurento, super divertido, um pouco frustrante lá para o meio (mas isso é só porque aprendemos a gostar demasiado das personagens) e um hino à amizade. À verdadeira amizade! Daquelas que sobrevivem a toda uma vida. A tudo. A todos.
E quão afortunados somos quando a encontramos na pessoa com quem almejamos passar todos os nossos dias? Que transforma as horas em segundos quando estamos com ela e os segundos em horas, quando não estamos?

O bom humor de Ahern conseguiu impedir que fosse mais um romance delicodoce boy meets girl. Nada disso. Atentem bem nesta (hilariante) passagem:
"Ruby: Ele pediu-te em casamento numa aldeiazinha? Tu ODEIAS aldeiazinhas! Gostas de cidades, barulho, poluição atmosférica, luzes brilhantes, pessoas mal-educadas e edifícios altos!
Rosie: Mas ficámos numa pousada de turismo de habitação amorosa, propriedade de uns senhores...
Ruby: Tu ODEIAS TURISMO DE HABITAÇÃO! Tu vives obcecada com hotéis. Trabalhas num. Queres gerir um, ter um, viver num e, muito possivelmente, ser um. O melhor que te pode acontecer é passar a noite num hotel, e ele levou-te para uma pousada de turismo de habitação ranhosa no meio de nenhures.
Rosie: Oh, mas se tivesses visto o restaurantezinho. Tinha umas redes de pesca dependuradas do tecto.
Ruby: Tu mataste o peixinho dourado da Katie à fome e depois deitaste-o pela retrete. Tens vómitos quando vês alguém a comer ostras (o que, já agora, é muito embaraçoso quando se está num restaurante). Tens de tapar o nariz sempre que comes atum, pensas que salmão fumado é uma obra do diabo e gambas dão-te a volta ao estômago.
Rosie: Eu comi uma bela salada, muito obrigada.
Ruby: Dizes sempre que as saladas são para os coelhos e para as supermodelos!
Rosie: De qualquer forma, terminámos a noite a caminhar de mão dada à beira do lago...
Ruby: Tu ADORAS O MAR! Queres ir viver numa praia. O teu desejo secreto é seres uma sereia. Achas os lagos maçadores, dizes que lhes falta aquele elemento «teatral» do mar.
Rosie: Oh, por favor, pára com isso, Ruby!"

Mas nem só de gargalhadas vive uma pessoa (mesmo com o "noz" e as private jokes todas) e consegui aprender também coisas importantíssimas. A reter:
- Não se pode chamar pervertido ao chefe. Muito menos se o insulto se seguir à frase "Pare de olhar para as minhas mamas";
- Acidentes acontecem. Sumos entornam-se em cima de vestidos caríssimos, principalmente se esse vestido caríssimo for envergado por alguém detestável;
- Os filhos podem ser bem mais eloquentes que os pais. E perspicazes (as cartas da Katie são mesmo do melhor. É muito sarcasmo para uma pessoa tão pequenina);
- O nosso nemesis na infância pode não ser tão mau assim. Mesmo que tenha mau hálito. E uma grande penca;
- Não convidar o nosso melhor amigo para a nossa festa de anos pode ter graves repercussões futuras;
- Às vezes os nossos amigos sabem bem o que é o melhor para nós;
- E, fundamentalmente, nunca julgar nenhum livro pela capa ou pelo título.

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