FICHA TÉCNICA:
Género: Comédia / Musical
Duração: 120 minutos
SINOPSE:
Uma dupla pop (Ferrell e McAdams) cuja vocação musical é sistematicamente colocada em causa enxovalhada por quem a conhece vê concretizado o sonho de representar o seu país no Festival Eurovisão da Canção quando, devido a circunstâncias misteriosas, todos os outros candidatos deixam de poder competir. Mas chegados lá, terão o que é necessário para fazerem parte de uma galeria de vencedores onde se incluem, entre muitos outros, os ABBA, Céline Dion e Salvador Sobral?
O NOSSO VEREDICTO:
Num ano em que o mítico festival de música - que, desde 1956, tem colocado frente-a-frente os mais diversos países europeus numa disputa pela melhor canção do Velho Continente - não se realiza devido à pandemia de COVID-19, o cineasta David Dobkin (responsável pelo original e hilariante «Os Fura-Casamentos», de 2005) juntamente com o comediante e argumentista Will Ferrell («O Repórter: A Lenda de Ron Burgundy») e o produtor Adam McKay («Agentes de Reserva») decidiram agraciar os fãs com mais uma edição do certame.
Já disponível na Netflix, este tributo «Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga», centra-se em Lars Erickssong (Ferrell) e Sigrit Ericksdottir (McAdams), AKA Fire Saga, dois desajustados com problemas de guarda-roupa que, desde crianças, têm como maior ambição fazer parte do leque de vencedores do Festival Eurovisão da Canção. Só que a sua falta de talento inspiração para a música faz com nem os próprios familiares e amigos da sua cidade natal acreditem que o que estes dois tanto almejam algum dia se possa concretizar. Falta de confiança no entanto, nunca foi problema e Lars e Sigrit decidem seguir o sonho, submetendo o seu tema a concurso. Após algumas peripécias, azares, um suspeito golpe do destino e a ajuda de certos e determinados elementos das fábulas islandesas o duo kitsch lá conquista - perante a incredulidade de todos - o desiderato pretendido: ser o representante da Islândia na edição 2020 da Eurovisão.
Ali chegados, conhecem algumas personagens sui generis (numa clara sátira à excentricidade deste concurso e de quem nele participa), entre as quais a megastar russa Alexander Lemtov (Dan Stevens a roubar as atenções), um milionário com trejeitos de George Michael cujo objectivo é não só sair como o número 1 do certame mas também conquistar a atenção da adorável Sigrit.
Até que o destino dos Fire Saga seja revelado e a audiência assiste a todas as peripécias sem saber se eles sobrevivem para conquistar o topo do mundo da Europa, a longa-metragem de Dobkin vai-se encaminhando para um final previsível - fazendo "paragens" em alguns temas catchy como a pitoresca "Volcano Man", o smash hit nórdico "Ja Ja Ding Dong" ou a mais romântica "Husavik (My Hometown)" - com poucos momentos daquela comicidade e humor absurdo e teatral tão próprios de Will Ferrell.
É uma fita com um contraste provinciano-cosmopolita agradável e, para nós, portugueses, «Festival Eurovisão da Canção: A História dos Fire Saga» tem um gostinho especial devido a um curto mas assinalável cameo de um dos nossos conterrâneos mas, ainda assim, não é suficiente. A paródia é demasiado soft, infantilizada, cliché.
Poderia ter sido uma das grandes comédias do ano - não só pela originalidade do enredo (e todos os nomes envolvidos na sua concepção, incluindo compositores que já trabalharam com Ariana Grande e The Weeknd) como pela dupla protagonista, muito querida do grande público - porém, como muitos outros filmes antes de si, vive excessivamente à custa do charme e carisma desta. McAdams e Ferrell cantam, encantam e representam os fiordes islândicos com uma pureza e inocência pueris (mesmo com fantasmas e elfos com tendências homicidas à mistura) mas uma comédia para ser memorável precisa de piadas a condizer e estas, definitivamente, não ficam no ouvido.
NOTA (0 A 5):
O Close Up! atribui 12 pontos à canadiana Rachel McAdams (que nos conquistou o coração), 10 pontos ao britânico Dan Stevens, 8 pontos ao norte-americano Will Ferrell e subtrai 27 pelo refrão de piadas batidas.