domingo, 1 de fevereiro de 2015

REVIEW: "The Hunger Games: A Revolta" (Livro)


FICHA TÉCNICA:
Autora: Suzanne Collins
Número de páginas: 280
P.V.P. - 13,41€

SINOPSE OFICIAL:
Katniss Everdeen não devia estar viva. Mas, apesar dos planos do Capitólio, a rapariga em chamas sobreviveu e está agora junto de Gale, da mãe e da irmã no Distrito 13. Recuperando pouco a pouco dos ferimentos que sofreu na arena, Katniss procura adaptar-se à nova realidade: Peeta foi capturado pelo Capitólio, o Distrito 12 já não existe e a revolução está prestes a começar. Agora estão todos a contar com ela para continuar a desempenhar o seu papel, assumir a responsabilidade por inúmeras vidas e mudar para sempre o destino de Panem - independentemente de tudo aquilo que terá de sacrificar… 

O VEREDICTO:
Antes de começar há duas coisas que têm que saber acerca de mim.
Primeira: faço listas por tudo e por nada. 
De filmes e séries que quero ver, livros que quero ler e até de coisas que tenciono comprar ao longo do ano... yep, I'm that guy!
Segunda: não sou nada intelectual e na minha lista de leituras figurava apenas este livro, o "Serena" do Ron Rash, o "Queda" do Jeff Abbott, "O Diabo Veste Prada" da Lauren Weisberger e o "Antes de Adormecer" de S. J. Watson.
Gosto de boas histórias, que nos enriquecem, que nos conseguem alhear do mundo lá fora, que nos façam passar um bom bocado. Gosto de conhecer novos mundos, novos pontos de vista, novos ideais. Gosto de aprender novas coisas e ficar a saber um pouquinho mais...
Não é esta, afinal, a maior virtude de um livro? Ser um professor à disposição?
Não sou fundamentalista ao ponto de considerar que só e apenas através dos livros se aprende. Estamos sempre a evoluir, nunca estagnamos. E também não acho que se deva ler apenas grandes clássicos da literatura. Diverti-me a ler este livro, diverti-me a ler "Os Maias", continuo a ler "Comix" da Disney e de vez em quando dou por mim a revisitar a magia de Harry Potter. Aliás, sou dessa geração que cresceu com o pequeno feiticeiro, com o "Clube das Chaves", com a "Profissão Adolescente" da Maria Teresa Maia Gonzalez e o "Clube Jota". Não se aprende a ler com sonetos de Shakespeare ou Luís de Camões, não começamos logo com um "Anna Karenina" ou com "O Grande Gatsby". São estes livros, aparentemente mais simples, que nos conquistam e despertam o gosto pela leitura. São estes livros que constroem o nosso pensamento crítico, que nos constroem, enquanto indivíduos e fazem de nós leitores, na verdadeira acepção da palavra.
Como tal, livros para "jovens adultos", como este da Suzanne Collins, terão sempre lugar na minha lista.

"Katniss Everdeen, a rapariga em chamas, lançou uma faísca que, se não for contida, poderá tornar-se um inferno que destruirá Panem".

Neste último capítulo da saga, contado exclusivamente sob a perspectiva de Katniss, vemo-nos envolvidos num ambiente cinzentão e sombrio sem o brilho e os fait-divers ofuscantes do Capitólio. Sentimo-nos perdidos, tal como a protagonista, num mundo que nos é estranho e no qual não nos conseguimos encaixar. Há aqui um paralelismo muito forte com a adolescência, com a procura pelo nosso lugar, quando ainda não somos "grandes" mas também já não somos "pequenos". A inquietação e perda de inocência e identidade estão bem patentes e é por isso que, julgo, o livro funciona tão bem. Não estivemos nos Jogos da Fome mas conseguimos identificar-nos com esta espécie de transição..."num veleiro de açúcar", lançados "de um lado para o outro por ondas verde-mar, com o convés oscilando e fugindo-nos dos pés." 

"Porque é que tudo me provoca uma nova sensação de dor? Será que antes estava demasiado alheada para sentir plenamente a perda do meu mundo?"

Katniss não é somente a sobrevivente, a vencedora dos jogos, a menina da trança que gera simpatia. Não é uma figurante de uma qualquer campanha militar, nunca o poderia ser...
A "Miss Everdeen" é o baluarte, o rosto da revolução, a peça principal dum jogo de xadrez que ainda está longe de terminar, a única capaz de forjar a derrota do Capitólio, de derrubar 
as sinistras rosas brancas que com seu o perfume embriagante são o motor da engrenagem de "pão e circo"É o único símbolo de esperança... é o Mimo-Gaio!

"Começo a perceber realmente até que ponto as pessoas estão dispostas a ir para me proteger. O que eu significo para os rebeldes. A luta contínua contra o Capitólio, que tantas vezes me pareceu uma viagem solitária, não foi empreendida só por mim. Tive vários milhares de pessoas nos distritos a meu lado. Fui o seu Mimo-Gaio muito antes de aceitar o papel."

A sua voz ecoa por toda a Panem e despoleta a coragem de todos aqueles que foram silenciados por demasiado tempo.

♪ «Vem, vem ter comigo à árvore
Onde enforcaram um homem
Que dizem ter assassinado outros três.
Aqui estranhas coisas acontecem
Mas não seria mais estranho
Se nos encontrássemos à meia-noite
Junto à árvore da forca.» 

A comparação com o filme é inevitável, sendo este uma película poderosíssima, uma adaptação fidedigna da obra que lhe deu origem, com momentos inesperados (um em particular fez-me saltar da cadeira. Se o viram, sabem do que é que estou a falar!) e travos de humor, simbolismo e suspense.

"The Hunger Games - A Revolta" é um livro em modo crescendo, que nos fala de encruzilhadas, de autonomia, das consequências das nossas decisões e desta aventura que é viver. Sendo um livro direccionado para o público juvenil tem, evidentemente, aquela componente de romance com a protagonista a deixar-nos sistematicamente na dúvida de qual será o seu verdadeiro amor. Aquele sem o qual não conseguiria "sobreviver".  
O mistério adensa-se, sendo só desfeito na antepenúltima página do livro.
E é o final perfeito!

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