A narração desenrola-se em cenários deslumbrantes, que todos nós conhecemos (ou pelo menos ouvimos falar) e depois de lermos o livro ficamos com uma grande vontade de as (re)visitar e até conhecer. Cada episódio é acompanhado de ilustrações e poesias (do seu avô, na sua maioria) que enquadram e ajudam a introduzir cada uma das cenas.
Durante a leitura é facilmente perceptível o envolvimento de Pedro Jardim com o mundo das artes, quer pela doçura quase poética das suas palavras quer pela refrescante sinceridade dos seus relatos,honestos e crus, como um pintor que dá umas primeiras pinceladas na sua tela.
"Almoçámos uma bela açorda com ovos e pescada, já que bacalhau não tinham os meus avós. Iguaria rara à mesa, salvo nos dias festivos".
É o relato de admiração e inocência, onde vemos "Jardim" através dos olhos contemplativos do "Jardim" mais pequeno, sendo inclusivamente presenteados com rimas de Francisco:
"Ai! Jesus, que já não posso,
Com a fome resistir
Está-me a barriga a dar estalos,
E as calças a cair."
"Chico das Maravilhas", o herói alentejano é descrito na obra de forma tão sublime que quando fechámos o livro temos a sensação de o conhecer de trás para a frente.
Ficámos também com a certeza de que "Pedrocas", com todo o seu entusiasmo e vivacidade não poderia ter sido tão feliz em nenhum outro lugar como o foi nas suas férias em Vila Viçosa."